Uma carta de ignorado para ignorador


Tudo bem, as coisas acontecem de repente mesmo. Foi assim que aconteceu com nós, em uma fila de cinema entre o embaraço das filas para comprar a pipoca, de repente surgiu um primeiro "Oi", e assim, surgindo do nada que apareceu as nossas primeiras conversas. No inicio as perguntas do local onde você estuda ou as coisas que gosta de fazer, misturado com o anseio de não ficar ansioso demais quase que ditavam a ordem das nossas conversas. A foto do seu perfil misturada com aquela vaga lembrança do pequeno momento que nos conhecemos, ia aumentando a vontade de lhe convidar para o próximo filme, os primeiros convites confesso que foi com o receio de não serem aceitos, o seu Olá no meio da minha tarde começou a alegrar meus dias estressantes em meio a pilhas de documentos que sempre estavam em minha mesa. As conversas aumentavam e as vezes que eu comecei a imaginar como seria nosso primeiro beijo também, e foi assim, de repente que saímos para ver aquele filme que sabíamos que seria ruim, e realmente foi. Nosso beijo foi bem diferente de todas as vezes e se antes eu tentava ter o controle de algo, agora já nao tinha o controle de mais nada. Você entrou na minha vida, e acabou rompendo qualquer tipo de barreira que eu tentava criar para não quebrar a cara novamente. Naquela fila de cinema, naquele encontro nas compras de pipoca, naquele primeiro beijo, foi que você criou em mim mesmo sem querer, algo que não queria criar: Expectativa. 

Comecei a esperar os seus "Olás", comecei a imaginar o que você estava fazendo no seu dia e o que iria lhê dizer quando viesse me contar sobre as coisas normais que fez no seu dia normal,  talvez pra você aquilo não fosse nada demais, já pra mim era uma resposta clara do interesse mutuo que sentiamos, ao menos, era o que eu achava. De repente, você fez menos questão de me dizer que estava com tedio por não ter nada pra fazer, começou a convidar seus amigos para ver seus filmes chatos, e aos poucos as nossas conversas mais pareciam entrevistas que sempre terminavam em uma tentativa frustada da minha parte de arrumar um novo assunto para continuar tendo algum tipo de contato com alguem que já não queria mais contato algum. Tudo bem, a vida tem dessas, assim como você eu já respondi conversas apenas por educação. Você não tem culpa da expectativa que criei, nem do sorriso que saia da sua boca sempre que via aquela cena do Eddie Murphy quando olhamos professor aloprado, nem da forma que arrumava o cabelo quando via seu reflexo na loja de roupas que estavamos olhando. Você, mesmo sem querer, foi o " De repente" mais bonito que conheci, e o mais demorado para esquecer. 

TESTE 01

BLA BLA BLA